População de Farroupilha ainda aguarda retomada do projeto “Cidade Inteligente”

A Prefeitura de Farroupilha decidiu de forma unilateral suspender o contrato assinado em agosto do ano passado com a GigaCom, o maior fornecedor de redes privadas de telecomunicações no Brasil, que faria do município da Serra Gaúcha uma cidade inteligente. O projeto que poderia permitir a interligação de todas as escolas municipais, unidades de saúde e órgãos administrativos, possibilitando a sua total integração em voz, áudio, imagem, vídeo e dados com alta capacidade e velocidade de transmissão de dados, já foi suspenso duas vezes. A população que seria beneficiada com a tecnologia, especialmente em tempos de isolamento social e restrições de mobilidade, ainda não pode experimentar as vantagens de se viver em uma cidade inteligente.

Em plena pandemia de Covid-19, ter essa infraestrutura à disposição permitiria – só na área de educação, uma das mais afetadas pela pandemia – aulas a distância, abertura de novos turnos, atividades de reforço, treinamento de professores e melhoria na gestão do ensino. Na Saúde, a interligação das 17 unidades de atendimento com a Secretaria Municipal de Saúde, bem como a integração com a Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério da Saúde, traria um grande salto na gestão.  O novo projeto facilitaria a implementação de softwares para o sistema de saúde e o programa e-SUS do Ministério da Saúde que, entre as suas vantagens, criará um prontuário único de todos os cidadãos de Farroupilha.

A implementação da rede, que já está toda pronta, depois de meses de desenvolvimento e era esperada por diretores de escolas e servidores da Prefeitura, aguarda a decisão do novo prefeito. Questionada pela reportagem do Menu Negócios e Finanças, a Prefeitura de Farroupilha informou que a “suspensão ocorreu para fins de o Município realizar um diagnóstico da situação contratual, para posterior tomada de decisão quando a continuidade, readequação ou rescisão contratual, principalmente diante do atual cenário de pandemia”. Entretanto, é justamente o cenário de pandemia que torna o uso da tecnologia ainda mais indispensável para a boa prestação de serviços à população do município.

Fonte: Blog Menu Negócios e Finanças

Bolsonaro acertou

Os últimos meses foram marcados por confusões, as mais variadas, no centro do poder. Desde o momento em que o país entrou em estado de calamidade, em 20 de março, assistimos a uma sucessão de fatos, decisões e comentários governamentais que seriam cômicos, verdadeira novela mexicana, se não tivessem sido disparados em meio a uma trágica pandemia.

No fogo dela saiu o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que foi substituído por Nelson Teich, de curta jornada e que, por sua vez, jogou a toalha ainda quando o Brasil tinha menos de 14,5 mil mortes; hoje não temos ministro da Saúde, e já são mais de 65 mil. Declarações e atitudes infames, mas fortemente simbólicas, como a multiviralizada “gripezinha”, as saídas sem máscaras para selfies e para comer pastel na padaria da esquina, abraços de urso, como o recebido pelo presidente do megatrapalhão Abraham Weintraub, governadores desgovernados numa nova babel, tudo num mesmo momento para complicar ainda mais o que já era monstruosamente perigoso. Um show de ineficiência e fartos exemplos de má gestão, que lamentavelmente resultaram em gastos estrondosos e mortes.

Agora, uma coisa ninguém pode negar: além de taticamente mergulhar-se nas últimas duas semanas, o que tem contribuído para a mídia esquecê-lo um pouco, Bolsonaro pelo menos agiu rápido e acertou ao demitir o falso substituto de Weintraub. Ficar alegando que cabia ao Palácio, ao GSI, à PF, ao cartomante, ou a quem quer que fosse, confirmar se eram verdadeiros os cursos declarados por um profissional, em seu currículo, até publicamente na plataforma Lattes, era demais. Mas tamanha cara de pau mostrou que o brasileiro se acostumou com a fraude, mesmo inaceitável, porque sua descoberta só foi possível diante da reação do reitor da universidade argentina à mentira de “Decô”; iria passar despercebida, e ele já estaria surfando no Ministério há semanas. A falsificação, a adulteração de dados e a falsidade ideológica são ilícitos previstos no Código Penal brasileiro. Mais grave ainda quando cometidos por um postulante ao cargo de Ministro da Educação. O plágio de extensos trechos de dissertações incorporados às suas propostas de tese, fazer constar no seu currículo que possui doutorado e pós-doutorado, gerando, em contrapartida, um constrangimento para o Brasil na pronta contestação das universidades da Argentina e da Alemanha, respectivamente, da sua frequência nos dois cursos. Tudo isso, alegremente.

Não é possível que neste país tudo tenha que ser checado, que tenhamos que viver com lupa em mãos, desconfiando sempre, porque aqui imperam a malandragem e a trapaça. Sim, porque o mínimo que se pode esperar de alguém que ocupe um cargo público, de ministro de Estado, é que aja com a verdade ao menos em relação às suas referências pessoais e ao seu histórico.

Contudo, do acontecido, ainda que parte da mídia trate o episódio como um ato de perseguição ao falsário, alguns tentando torná-lo vítima, o sorridente e cínico Decotelli já se foi, tarde, e marcado para sempre pela sua malsucedida aventura. Bolsonaro liquidou a fatura e agora procura alguém sério, com credenciais, para ser ministro de tão importante pasta. Nada mais de passar vergonha e ser um deboche diante do mundo.

Fonte: Artigo veiculado pelo jornal O Tempo, pág 2, em 07.julho.2020

Desafios da mobilidade urbana na pós-pandemia no Rio

Desde que a pandemia do novo coronavírus impôs necessárias regras de isolamento social, o setor de transporte do estado do Rio vem definhando nesta que parece ser uma das mais graves crises de sua história. Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, houve uma redução de 72% na demanda por ônibus no Rio desde o início das restrições de circulação, no mês de março. Para as empresas do segmento, a redução de passageiros se traduz em prejuízos financeiros, que já ultrapassam a cifra de R$ 843 milhões.

Em meio a esta crise, surpreende positivamente a forma com que a entidade representativa do setor, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) vem lidando com o problema. Em posicionamentos recentes, em entrevistas à imprensa, o presidente da Federação, Armando Guerra Júnior, trouxe um olhar técnico para o colapso do setor.

Guerra é um gestor experiente, que passou por empresas de diversos setores. No meio desta pandemia, propôs um debate que vai além das dificuldades enfrentadas pelos diversos segmentos econômicos: a discussão dos critérios de composição do preço da tarifa de ônibus e seus impactos no bolso do consumidor final. O cidadão precisa de transporte público para viver. Parece óbvio, mas não é.

A discussão dos critérios para formação de preços é um dos itens que compõem uma antiga demanda reprimida: o repensamento do modelo de financiamento da mobilidade urbana em todo o país. Serão palavras de ordem a avaliação extremamente técnica dos subsídios, o full disclosure de todos os dados operacionais e financeiros e a colaboração público- privada firme e harmônica. O presidente da Fetranspor estimulou a reflexão sobre a oportunidade de incluir entre os temas das reformas estruturais o transporte urbano. Fica a sugestão para as autoridades responsáveis.

Fonte: Blog Estação Rio

PL das fake news e desinformações deveria ser mais debatida antes de ir para a Câmara, defende Frente Digital

Está prevista para terça-feira (2) a votação no Senado do PL 2.630/2020, projeto que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, já chamada de Lei das Fake News. O projeto é de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e dos deputados Tábata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES).

Para debater o tema, a Frente Digital fez o webinar “Todos Contra Fake News – liberdade de expressão online & estratégias de mitigação da desinformação” nessa segunda-feira (1) e reuniu o presidente e coordenador-geral da Frente Digital, os deputados federais – JHC (PSB – AL) e Vinicius Poit (NOVO-SP), respectivamente –, além dos deputados Orlando Silva (PCdoB-SP); Paulo Ganime (NOVO – RJ); Mariana Carvalho (PSDB- RO) e os co-autores Felipe Rigoni (PSB-ES) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Também participaram representantes do Facebook, Google, Twitter e Whatsapp; as agências de checagem Aos Fatos e Lupa, o ITSRio, o Internet Lab, e a Coalizão Direitos na Rede, entre outros.

A conclusão majoritária é que o projeto de lei não está maduro para ser votado. Falta debate na sociedade. Do jeito que ele está sendo apresentado houve um “atropelo”. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) chegou a dizer que acha necessário o adiamento da votação no senado.

No primeiro painel, o deputado Vinícius Poit (NOVO-SP), esclareceu que todos são contra fake news. “Isso não temos dúvidas, mas problemas complexos exigem soluções sofisticadas. Não podemos, por exemplo, responsabilizar, generalizadamente, os provedores das aplicações, as plataformas, ou virar uma instrumentação política. Por isso, precisa expandir os debates”. Poit comparou com o Marco Civil da Internet: “Foram quatro ou cinco anos de discussões e ele trouxe uma inovação. As plataformas só seriam penalizadas depois de uma investigação judicial e só retirariam do ar se elas não cumprissem as determinações.”

O autor do projeto, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), alertou que o tema é central e importante. “A disseminação da desinformação contamina todo o debate democrático no mundo. Dando um passo atrás, esse projeto de Lei não brotou do nada”. Durante o debate, o senador ainda alegou que a PL vai desabilitar as ferramentas que são utilizadas para o acometimento do crime. “São o uso de contas falsas, de redes não rotuladas e a questão do direito do usuário perante as plataformas”.

Já a Bia Barbosa da Coalizão Direitos na Rede alegou: “Todos achamos fundamental desenvolver iniciativas para combater a desinformação. A gente nem gosta de usar o termo ‘fake news’ que foi popularizado, mas o termo desinformação, porque ele dá conta da complexidade dessa discussão. Mas, a gente não acha que essa discussão precisa ser feita a partir de uma regulação de conteúdo, principalmente, em um cenário em que a regulação vai ser feita por agentes privados”.

Mônica Rosina, gerente de políticas públicas do Facebook destacou que somente nos primeiros três meses desse ano, 1,7 bilhões de contas falsas foram removidas e que a rede social está atuando em duas frentes no combate a desinformação “O pilar da remoção, é importante entender porque remove e o que ele remove, e o da redução, que a redução da distribuição no alcance de conteúdo de baixa qualidade”.

Durante o segundo painel, o presidente da Frente Digital, o deputado federal, JHC (PSB – AL), declarou a importância da internet no cotidiano das pessoas. “Hoje nos acompanhamos tudo através da internet e isso se tornou um direito vital para a democracia, direitos consagrados para a nossa internet. Essa é uma linha tênue, que a gente precisa nesse momento, trazer para a realidade o que estamos vivendo. Claro que todos queremos combater as fake news, a desinformação, mas temos que fazer uma discussão profunda, que possa ter um respaldo necessário”, ressaltou.

O Presidente da Frente Digital também defendeu a criação de Juizados Especiais online especializados em causas da internet.

Para Tai Naion, da Agência Aos Fatos, o projeto deveria ser retirado da pauta nesse momento de pandemia. “O Aos Fatos não acredita que o problema da desinformação vá embora por meio de canetada. De modo que de fato a gente acredita que a retirada do projeto da pauta nesse momento e o prolongamento dessa discussão com pessoas qualificadas, membros da academia, cientistas, ativistas, partidos políticos, todo o campo democrático e da formação de políticas públicas consistente deveria ser ouvido de forma mais prolongada”.

O deputado e coautor do projeto Felipe Rigoni (PSB-ES), disse que foi entregue hoje (1) nova redação, fazendo concessões já debatidas. Mas, foi alvo de críticas durante o debate porque essas alterações foram realizadas às vésperas da votação e, portanto, não houve tempo hábil para serem analisadas.

No penúltimo painel, Bruna Martins dos Santos, analista de Policy e Advocacy na Coding Rights, afirmou “eu começaria a resposta com o desafio que tivemos com o Marco Civil da Internet. Ele não é tecnológico, mas tem que ser um desafio da abordagem o que queremos como uma lei que trate de internet”. Em outro momento do debate, a analista acrescentou “é importante que a gente pense numa regulamentação que não resulte em restrições de direitos”.

O deputado federal, Orlando Silva (PCdoB-SP) debateu “A tecnologia que me interessa é o desafio da tecnologia legislativa, que permita a produção de marcos regulatórios eficientes, e nesse campo, exige minimalismo”. Ainda durante a sua participação, ele alegou “uma lei que trata de um aplicativo, de uma plataforma, a chance de se tornar obsoleta rapidamente é grande. E no caso aqui, isso é mais grave, pois estamos lidando com conceitos que tem uma dimensão ética muito forte: o conceito de desinformação. É muito mais do que isso”.

No último painel, o assunto “Leis, follow the Money & Código de conduta. O que deu certo pelo mundo? Fernando Gallo, do Twitter – “Respondendo essa pergunta – o que deu certo pelo mundo? – Essa questão é fundamental para olhar a experiência internacional. Aliás, é de boa prática de elaboração de política publica observar o que vai foi produzido pelo mundo e seria bastante importante que a gente tivesse tempo de trazer para o debate nacional, os autores internacionais relevantes que têm há  anos se dedicado para estudar o tema”. Além disso, Gallo ainda acrescentou “o debate é complexo e existe pouco consenso. Esse projeto especificamente foi apresentado no Senado no dia 13 de maio, está pautado para ser votado amanhã (2), a partir de uma avaliação de um relator que foi designado hoje, e até agora, a gente não conhece o teor do que vai ser votado.”

Em sua apresentação, Paulo Ganime (NOVO-RJ) alertou “Eu entendo que muitas vezes a forma de combater a desinformação é a informação. Acima de tudo, o tema é complexo e polêmico. O momento político traz a relevância desse tema, e o parlamento tem o hábito ruim de tentar achar soluções milagrosas para problemas complexos e estamos vivendo isso mais uma vez”.

O site de peticionamento AVAAZ e a ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) cobraram a responsabilização das plataformas. Marcelo Bechara, diretor da Abert e da Globo no entanto alertou: “O PL que eu recebi agora pouco não é bom. É um PL que não vão resolver o problema. De forma alguma eu quero passar a impressão que estou fazendo o discurso de taxista contra o Uber, até porque não. Essas plataformas são fundamentais, elas ecoam o nosso conteúdo”.

Todo o debate está disponível pelo YouTube, no link:  https://www.youtube.com/watch?v=qc1wX5r2yVU

Informações à imprensa:

Insight Comunicação (11) 3284-6147

Marina Ciaramello marina.ciaramello@insightnet.com.br                 

Luana Magalhães – luana.magalhaes@insightnet.com.br



Auxílio Emergencial: Caixa começa a liberar saques e transferências da 2ª parcela depositada em poupança digital

A Caixa Econômica Federal (CEF) começa a liberar a partir deste sábado (30) as transferências e os saques em dinheiro da segunda parcela do Auxílio Emergencial depositada em poupanças sociais digitais do banco.

As liberações vão seguir um cronograma ligado ao mês de nascimento do trabalhador. Os primeiros a receber serão 2,6 milhões de beneficiários nascidos em janeiro. Até a data de liberação, os recursos já depositados nas poupanças podem ser usados apenas para pagamento de contas, de boletos e compras por meio do cartão de débito virtual.

Para os trabalhadores que receberam a primeira parcela do benefício em outra conta, os recursos depositados na poupança digital serão transferidos automaticamente também na data de liberação dos saques e transferências. Com isso, esses beneficiários terão que procurar os bancos em que têm conta caso queiram sacar o dinheiro.

Veja o calendário para liberação de saques e transferências da poupança social digital:

Auxílio Emergencial segunda parcela - saque e transferência da poupança social — Foto: Economia G1
Auxílio Emergencial segunda parcela – saque e transferência da poupança social — Foto: Economia G1

Para pagar o beneficio, a Caixa vai abrir 2.213 agências em todo o país das 8h às 12h para atendimento exclusivo do Auxílio Emergencial.

Pagamentos

A Caixa concluiu esta semana os pagamentos da segunda parcela do Auxílio Emergencial para os beneficiários que receberam a primeira até 30 de abril. O calendário da terceira parcela, que estava prevista para maio, continua sem definição.

Um segundo grupo de aprovados recebeu a primeira parcela também esta semana – para estes, a data de pagamento da segunda não está confirmada mas, segundo o presidente da Caixa, o benefício deve ser liberado em um mês.

Até sexta-feira (29), ainda havia 10,6 milhões de pedidos de Auxílio Emergencial aguardando análise, segundo a Caixa. Não há previsão de quando essas pessoas irão receber o benefício.

Os trabalhadores podem consultar a situação do benefício pelo aplicativo do auxílio emergencial ou pelo site auxilio.caixa.gov.br.

Donos de perfis anônimos alvo do STF encontraram-se com Bolsonaro e Heleno

Dois dos três influenciadores de direita que tiveram a identidade requisitada ao Twitter pelo ministro Alexandre de Moraes no inquérito das fake news que corre no STF (Supremo Tribunal Federal) encontraram-se com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, antes da operação deflagrada pela PF (Polícia Federal) nesta semana.

Um deles é ex-assessor da deputada Alana Passos (PSL-RJ) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), a outra trata-se de uma youtuber, revela apuração do UOL.

No despacho que deflagrou a operação da PF contra o esquema de fake news que determinou busca e apreensão contra empresários e influenciadores digitais, Moraes afirma que uma rede de 11 perfis no Twitter atua em sincronia para disseminar conteúdo falso e ataques contra adversários do presidente.

Destes, seis são anônimos. Dentre eles, o ministro pediu a quebra de sigilo de identidade de três perfis: @Taoquei1, @Patriotas e @bolsoneas. A rede social tem até semana que vem para fornecer as informações ao STF.

Entrevista com o presidente

A responsável pela conta @Taoquei1 é Bárbara Zambaldi Destefani, de 33 anos, que comanda um canal de apoio ao presidente Bolsonaro no YouTube com 585 mil inscritos chamado “Te Atualizei”.

No dia 22 de maio, cinco dias antes da operação da PF, ela foi recebida pelo presidente Bolsonaro no Palácio do Planalto para uma entrevista para seu canal, conforme mostra a agenda oficial do presidente e vídeo publicado por ela na rede social.

De acordo com a agenda do presidente, o encontrou durou uma hora e 25 minutos. A entrevista foi publicada com 52 minutos no canal da youtuber um dia depois, com mais de 850 mil visualizações.

“Sou uma tia do zap”, afirma a ex-vendedora de Minas Gerais à reportagem.

“Eu evito mesmo falar meu nome”

Bárbara afirma que não possui cargos públicos ou é financiada por terceiros para fazer suas publicações. Tudo o que recebe vem dos rendimentos do Google, que mantém a plataforma YouTube. Ela nega produzir informações falsas propositadamente ou discursos de ódio.

“Quem me deu essa voz foi a população, sem nenhum tipo financiamento, nenhum”, diz Bárbara.

Para a youtuber, a entrevista com o presidente é o que motivou o STF a pedir a identidade de sua conta na rede social. “Tenho certeza que tomou essa proporção pro meu lado porque eu entrevistei o presidente. Acaba tendo muita repercussão, né?”, questiona.

“Colocaram como se eu fosse um perfil anônimo”, afirma. “Minha tristeza maior é saber que eles não assistem ao meu canal. Pede para eles assistirem ao meu canal, poxa vida. Eu estou precisando de audiência.”

Ela disse que o perfil @taoquei1 foi criado sem o nome “Te atualizei” porque esse usuário já existia. Bárbara afirma que esconde sua identidade na rede por temor. “Eu evito mesmo falar meu nome. Tenho família. A gente sofre muita ameaça.” Apesar das ameaças, nenhuma queixa foi registrada na polícia até o momento, segundo ela.

Procurada pelo UOL, por meio de sua assessoria de imprensa, a Presidência da República não respondeu sobre o encontro até a publicação desta reportagem.

Ex-assessor de deputada na Alerj

O responsável pela conta @bolsoneas, Leonardo Rodrigues de Barros Neto, é ex-assessor da deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ) e encontrou-se com o ministro Heleno recentemente durante cerimônia no Palácio do Planalto.

No dia 26 de maio, um dia antes da operação da PF que pede ao Twitter sua identidade, Neto publicou uma foto em outra conta na rede social, abraçado com o ministro-chefe do GSI.

Ao UOL, por meio de sua assessoria de imprensa, Heleno confirma que a foto é dele, mas não se recorda onde ela foi batida. O ministro não soube confirmar o dia desse encontro.

Neto foi até o final de abril assessor parlamentar no gabinete da deputada estadual, e exonerado no dia 30 do mês passado. De acordo com o despacho da Mesa Diretora da Alerj, ele foi afastado a pedido próprio.

De acordo com a assessoria de imprensa da deputada Alana Passos, Neto trabalhava na produção de banners para a parlamentar divulgar em redes sociais. A assessoria afirma que o trabalho dele fora do gabinete, com o perfil @bolsoneas, não tinha relação com o mandato da deputada, que também é apoiadora do presidente Bolsonaro.

Em outubro de 2019, o salário de Neto na Alerj era de R$ 6.490.

O UOL procurou Neto por meio de redes sociais e conhecidos, mas não obteve retorno.

Juntos, os três perfis que tiveram a identidade dos criadores solicitada pelo ministro Moraes possuíam quase um milhão de seguidores até meados de maio — o @Patriotas foi tirado do ar pelo Twitter por desrespeitar as políticas da plataforma.

A terceira conta que teve a identidade pedida pelo STF, @Patriotas, foi tirada do ar pelo Twitter em meados de maio.

No Rio, 19 familiares de Bolsonaro estão sob investigação do Ministério Público

Em reunião com ministros, presidente teria defendido a troca do superintendente da PF no estado para tentar evitar que pessoas próximas fossem ‘prejudicadas’

 

No vídeo gravado a partir da reunião do conselho de ministros em dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro teria defendido trocas no comando da Polícia Federal do Rio para tentar evitar que familiares e amigos seus fossem “prejudicados” em investigações em curso. Mas quantos familiares de Bolsonaro, além dos filhos Carlos e Flávio, são investigados no Rio?

Carlos e Flávio Bolsonaro são alvos de cinco procedimentos de investigação no Ministério Público do Rio que apuram a existência de funcionários fantasmas em seus gabinetes e a possível devolução de parte de seus salários, prática conhecida como rachadinha. Em ambos, parentes do presidente são alvos de investigação.

No caso de Carlos, são sete familiares. Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente e que foi chefe de gabinete do filho ‘02’, além de outros seis parentes dela são investigados. Já no procedimento sobre Flávio, outros 12. Entre eles, estão o avô dele, João Braga, o primo Léo Índio e mais dez familiares de Ana Cristina, incluindo também o ex-sogro, José Procópio Valle. Nessa investigação surgem como alvo também Fabrício Queiroz, amigo do presidente, e seus parentes entre o rol de investigados.

Embora a Polícia Federal não seja a titular dessa investigação, desde 2018 dois inquéritos apuram fatos relacionados. A PF tinha um inquérito eleitoral até março deste ano que apurava se o senador Flávio Bolsonaro cometeu lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral ao declarar seus bens nas eleições de 2014, 2016 e 2018. Esse procedimento foi instaurado a partir da denúncia de um cidadão sobre as declarações do senador à Justiça Eleitoral. Flávio atribuiu valores diferentes para um mesmo apartamento. O GLOBO apurou que a PF concluiu o caso sem fazer quebras de sigilo fiscal e bancário.

O inquérito tramitou até março, quando foi enviado ao Judiciário com pedido de arquivamento por não ter encontrado indícios dos crimes apontados. No entanto, na investigação do MP do Rio, os promotores apontam a existência de indícios de que o dinheiro da devolução dos salários seria lavado por meio da compra de imóveis. Parte da investigação envolve justamente o imóvel que era foco do inquérito da PF. O MP, porém, ainda não concluiu o caso e o senador nega as acusações.

Além disso, tramita na Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da PF do Rio um inquérito no qual Queiroz foi considerado “interessado” em uma das linhas de investigação. No início do ano passado, uma pessoa, cuja identidade é mantida em sigilo, foi convocada para depor e no curso das perguntas foi questionada sobre Queiroz e suas atividades na Alerj.

A defesa de Queiroz pediu acesso aos autos em agosto do ano passado, mas a juíza da 5ª Vara Federal Criminal, Adriana Alves dos Santos Cruz, negou o acesso porque a PF informou que Queiroz não era formalmente investigado e a menção que existia a ele era o relatório do Coaf no qual ficou registrada uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta dele. Essa investigação segue tramitando.

Além disso, no fim de outubro, veio a público depoimento do porteiro do condomínio onde Bolsonaro mora no Rio. Ele afirmou à Polícia Civil que um dos assassinos da vereadora Marielle Franco pediu para ir à casa de Bolsonaro no mesmo dia do crime — versão contraditada por uma perícia do Ministério Público em áudios da portaria. O presidente viu no episódio uma perseguição do governo Witzel à ele e sua família. Por isso, pediu a Moro uma investigação. A PF abriu inquérito e ouviu o porteiro, que voltou atrás. Bolsonaro avalia que não houve empenho para isentá-lo. O GLOBO apurou que o inquérito está sendo relatado e o porteiro não será indiciado.
Fonte: O Globo

Governo libera o registro de 22 agrotóxicos genéricos para uso dos agricultores

São 19 pesticidas químicos e 3 são produtos biológicos, normalmente utilizados na produção orgânica. São 150 registros no ano.

 

O Ministério da Agricultura publicou nesta terça-feira (12) a liberação de mais 22 agrotóxicos para o uso dos agricultores. No dia 27 do mês passado, o governo havia autorizado outros 16 pesticidas para que a indústria possa formular novos produtos. Na soma, são 150 novas autorizações neste ano.

Segundo o governo, todos esses princípios ativos, ou seja, a base do agrotóxico, já estavam liberados no país, são os chamados “produtos formulados equivalentes”.

Na publicação desta terça, sã 19 produtos químicos e 3 produtos biológicos, normalmente utilizados na agricultura orgânica.

Pela legislação brasileira, tanto produtos biológicos utilizados na agricultura orgânica quanto químicos utilizados na produção convencional são considerados agrotóxicos.

Novo método de divulgação

Neste ano, o governo alterou o método para anunciar a liberação de agrotóxicos. Até 2019, o Ministério da Agricultura divulgava a aprovação dos pesticidas para a indústria e para os agricultores no mesmo ato dentro do “Diário Oficial da União”.

A série histórica de registros, que apontou que 2019 como ano recorde de liberações, levava em conta a aprovação dos dois tipos de agrotóxicos: os que vão para indústria e os que vão para os agricultores.

Em nota, o Ministério da Agricultura explicou que a publicação separada de produtos formulados (para os agricultores) e técnicos (para as indústrias) neste ano tem como objetivo “dar mais transparência sobre a finalidade de cada produto”.

“Assim, será mais fácil para a sociedade identificar quais produtos efetivamente ficarão à disposição dos agricultores e quais terão a autorização apenas para uso industrial como componentes na fabricação dos defensivos agrícolas”, completou o ministério.

Como funciona o registro

O aval para um novo agrotóxico no país passa por 3 órgãos reguladores:

Anvisa, que avalia os riscos à saúde;
Ibama, que analisa os perigos ambientais;
Ministério da Agricultura, que analisa se ele é eficaz para matar pragas e doenças no campo. É a pasta que formaliza o registro, desde que o produto tenha sido aprovado por todos os órgãos.

Tipos de registros de agrotóxicos:

Produto técnico: princípio ativo novo; não comercializado, vai na composição de produtos que serão vendidos.
Produto técnico equivalente: “cópias” de princípios ativos inéditos, que podem ser feitas quando caem as patentes e vão ser usadas na formulação de produtos comerciais. É comum as empresas registrarem um mesmo princípio ativo várias vezes, para poder fabricar venenos específicos para plantações diferentes, por exemplo;
Produto formulado: é o produto final, aquilo que chega para o agricultor;
Produto formulado equivalente: produto final “genérico”.
Fonte: G1

Justiça Federal dá 72 horas para Bolsonaro explicar mudança no comando da PF no Rio de Janeiro

Superintendência está no centro das acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro de que presidente estaria tentando interferir politicamente na corporação. Advocacia-Geral da União informou que ‘tomará medidas judiciais cabíveis’.

 

A Justiça Federal de Brasília deu 72 horas para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) explique a mudança no comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro. A decisão foi publicada nesta terça-feira (5), mesmo dia em que o chefe do Executivo confirmou a saída de Carlos Henrique Oliveira do cargo de superintendente da corporação no estado.

À reportagem, a Advocacia-Geral da União informou que não foi notificada da decisão e que tomará “as medidas judiciais cabíveis”.

A medida judicial atende a um pedido de um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL), Rubens Nunes. Ele questionou a legalidade da substituição do cargo, que é considerado estratégico em investigações.

Como novo superintende da PF no Rio de Janeiro foi escolhido o delegado Tácio Muzzi. O substituto foi indicado pelo novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza.

A troca de comando também será investigada pela Procuradoria Geral da República (PGR). A análise será um desdobramento dentro do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar a suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na autonomia da Polícia Federal, após a demissão do ex-ministro Sergio Moro.

Número 2 da PF

Nesta terça, Bolsonaro informou a jornalistas, na saída do Palácio da Alvorada, que Oliveira foi convidado por Rolando de Souza a assumir o cargo considerado o segundo mais importante da Polícia Federal.

Questionado se a mudança seria uma “interferência” nas apurações da Polícia Federal, o presidente mandou repórteres calarem a boca.

“Cala a boca! Está saindo de lá para ser diretor-executivo a convite do atual diretor-geral. Não interfiro em nada. Se ele for desafeto meu e se eu tivesse ingerência na PF, não iria para lá. É a mensagem que vocês dão. Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro. E não interfiro na Polícia Federal. E ele está sendo convidado para ser diretor-executivo. É o 02”, disse.

Fonte: G1

Bolsonaro nomeia delegado Rolando de Souza para comando da PF; posse ocorre 1 hora depois em cerimônia fechada

Nomeação ocorre após ministro do STF barrar a indicação de Alexandre Ramagem, amigo dos filhos de Bolsonaro, para a chefia da PF. Rolando era subordinado de Ramagem na Abin.

 

O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta segunda-feira (4) o delegado Rolando Alexandre de Souza como novo diretor-geral da Polícia Federal. A nomeação foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União”.

Cerca de uma hora depois de a nomeação de Rolando ser publicada no “Diário Oficial”, a Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Bolsonaro já havia assinado o termo de posse do novo diretor-geral da PF, o que ocorreu no gabinete do presidente, no terceiro andar do Planalto, sem cobertura da imprensa.

A oficialização do nome de Rolando de Souza ocorre cinco dias depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a decisão de Bolsonaro de nomear para o comando da PF o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o também delegado Alexandre Ramagem.

Rolando Alexandre de Souza é delegado da Polícia Federal e desde setembro de 2019 ocupava o cargo de secretário de Planejamento e Gestão da Abin, aonde chegou por indicação de Alexandre Ramagem.

Antes, entre 2018 e 2019, Souza foi superintendente da PF em Alagoas. Ele também foi chefe do Serviço de Repressão a Desvio de Recursos Públicos e ocupou cargos de chefia na Divisão de Combate a Crimes Financeiros e na superintendência da PF em Rondônia.

Crise

A suspensão da nomeação de Ramagem para a Polícia Federal contrariou Bolsonaro, que na semana passada afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes era “política”.

Bolsonaro também chegou a afirmar que iria recorrer, ou seja, tentar reverter a decisão de Moraes, o que acabou não acontecendo.

Ramagem é amigo dos filhos do presidente e foi responsável pela segurança de Bolsonaro da campanha até a posse, quando assumiu a direção-geral da Abin.

Ele foi escolhido por Bolsonaro para substituir na Polícia Federal o delegado Mauricio Valeixo, nome de confiança do ex-ministro Sérgio Moro.

Moro anunciou sua saída do governo depois que Bolsonaro oficializou a exoneração de Valeixo. De acordo com o ex-ministro, a medida foi uma tentativa de Bolsonaro interferir politicamente na PF – o que o presidente nega.

A Polícia Federal é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública na estrutura do governo Bolsonaro.

Na decisão em que suspendeu a nomeação de Ramagem, Moraes apontou que levou em consideração as acusações de Moro contra Bolsonaro e que o próprio presidente admitiu a intenção de ter no comando da PF alguém a quem poderia consultar a qualquer momento para obter informações sobre processos.

De acordo com o ministro do STF, havia indícios de desvio de finalidade na decisão de Bolsonaro de nomear Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal.

No domingo (3), Bolsonaro voltou a criticar a decisão de Moraes. A crítica, transmitida em um vídeo publicado em uma rede social, foi feita pelo presidente durante participação em mais um ato a favor do governo e de medidas antidemocráticas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Dessa vez, Bolsonaro afirmou que não admitiria nova “interferência” em seu governo, e que “daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição.” O presidente declarou ainda que “temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, pela liberdade”.

Bolsonaro indicou que faria nesta segunda a nomeação do nome do novo diretor-geral da PF e afirmou: “peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição.”

A manifestação do domingo voltou a pedir a intervenção militar e atacou instituições, como Congresso e STF, autoridades como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, além do ex-ministro Sérgio Moro.

Enquanto Bolsonaro conversava com manifestantes, parte do grupo agrediu profissionais de imprensa que acompanhavam o ato. A Polícia Militar precisou montar um cordão de isolamento improvisado para evitar as agressões.
Fonte: G1