Depois de prometer medicamento para os cariocas emagrecerem, em entrevista para essa coluna na semana passada, o prefeito Eduardo Paes (PSD) voltou a me receber, desta vez para tratar de seus planos para o quarto mandato, agora que está reeleito. Em entrevista no seu gabinete na Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, voltou a falar sobre disponibilizar na rede púbica o Ozempic — utilizado no combate à diabetes, mas que também atua no emagrecimento — e até me convidou para a sua posse. Mas, apesar de rachar o bico com o documento que levei para ele assinar se comprometendo a cumprir os quatro anos do próximo mandato, preferiu não pegar na caneta, dizendo que sua palavra basta. Caso mude de ideia, o papel, reproduzido abaixo, segue à sua disposição.
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No dia da vitória, comemorou à la Galvão Bueno: ‘É tetra! É tetra!’. O senhor será hexa? Antes do Brasil em Copas do Mundo?
Tem uma chance grande de, daqui a uns anos, eu sair da prefeitura. E, já mais velhinho, pode sempre surgir uma desgraça no Rio e o pessoal me chamar. Eu seria seis vezes prefeito do Rio com muita honra. Se esses intervalos não forem muito longos, posso ser até oito vezes. Como estou cuidando da saúde, seguindo as dicas da Ema Jurema, mantendo meu peso mais adequado, baixando meu colesterol, pode ser que eu viva até 90 anos (em novembro, ele faz 55). Quem sabe eu possa não ser apenas tetra, mas complete um octa?
Mas antes da seleção brasileira?
Certamente. Os prognósticos são todos nessa direção. Do jeito que anda a seleção, a chance de eu ser hexa antes é muito maior.
Na festa da vitória, o Parque Oeste estava lotado, com Tia Surica e Xande de Pilares. Tem algo que rolou ali que só o senhor viu?
Não vou responder como eu queria. Mas quem menos viu fui eu (risos).
Eduardo Paes fala que deve ser hexa antes da seleção brasileira — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
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Agora vamos falar das promessas. Uma das que tratou assim que foi eleito é que os ônibus vão ter o mesmo tratamento do BRT. Uma queixa que às vezes ocorre entre os passageiros é que tem baratas em alguns ônibus. A ideia de nova abordagem é tirar a família Barata da concessão?
O grande empresário de ônibus hoje é o prefeito. A prefeitura é a maior empresária de ônibus do Rio, por causa da Mobi-Rio. A gente vai fazer uma licitação de uma nova concessão, aberta, republicana. Quem cumprir as premissas para se candidatar, vai poder disputar.
Até a família Barata?
Até a família Barata, se estiver atendendo os requisitos.
Outra promessa do senhor é que as clínicas da família vão ter mais medicamentos. O Ozempic está nessa lista?
Quero reiterar, Ema, que essa foi uma proposta que surgiu a partir da nossa entrevista. Não era uma coisa que estava no meu plano de governo ou que eu tivesse anunciado. A circunstância me fez anunciar, porque o secretário (municipal de Saúde) Daniel Soranz já tinha manifestado esse desejo para mim, e eu tinha apoiado. Tomara que possa ter. A obesidade é uma questão de saúde pública e as pessoas mais pobres da cidade têm que poder tratar disso. Quero dizer à Jurema que fiquei impressionado com a quantidade de pessoas emocionadas de eu poder disponibilizar o Ozempic na rede pública municipal. Tanto que conheço pessoas que moram em outros municípios que estão dizendo que vão morar no Rio só para poder acessar o Ozempic.
Não tem nenhum arrependimento da declaração sobre o Ozempic?
De maneira nenhuma. É uma questão de saúde pública, e se puder ficar esteticamente melhor, não tem problema. Agora as pessoas não podem mais querer ficar magrinhas?
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Sobre a questão de motofaixas na cidade: implantando novas, o senhor vai andar de moto entre seus compromissos?
Motoqueiros do Rio de Janeiro, vamos ter muito carinho com vocês. Mas essa zona que virou, de moto achando que anda em cima de calçada, que faz contramão e que não tem regra de trânsito, tem que acabar. Uma das primeiras coisas que vou fazer é chamar todos esses aplicativos e passar a ter um controle sobre esse tempo que estabelecem para o sujeito entregar, o acompanhamento por GPS… Quero ajudar os motoqueiros, vamos fazer muita faixa exclusiva, mas temos que respeitar as regras de trânsito.
Ao chover forte, voltaremos a vê-lo dormir no Centro de Operações?
Sempre. Vocês vão continuar vendo que, entre novembro e abril-maio, não arredo o pé da cidade. Vou continuar presente. E entendo esse papel: muitas vezes, não faria diferença concreta minha presença ou não. Mas acho que é respeito às pessoas, que muitas vezes estão passando por muito sofrimento. E vou te chamar, Ema. Você nunca fez nenhum serão comigo, quem sabe a gente não pode te colocar de boia para ajudar. Ema nada?
Vamos descobrir juntos. A gente não conseguiu ir na cascata do Parque Oeste… Mas nas questões de mudanças climáticas, tem algo que mais te preocupa?
Chuva. Desde que eu era subprefeito, em 1996, quando enfrentei aquelas chuvas em Jacarepaguá, sou traumatizado.
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Em toda eleição, candidatos a prefeito escolhem as manchetes dos sonhos no EXTRA. Em outras eleições, o senhor escolheu títulos sobre saúde, e, neste ano, educação. Tem um balanço dessas áreas?
Na saúde, estamos consolidando uma posição, o caminho está dado. Educação ainda é um desafio: ela é melhor maneira da gente diminuir essa desigualdade social, que é muito grande. Então aposto muito na educação.
No EXTRA, também publicamos um ‘zap zap’ para cada região da cidade no dia da eleição. O senhor falou muito em investimento na Avenida Brasil e Zona Oeste como prioridade. Como é isso?
Desta vez, vou ter mais ativismo estatal na Avenida Brasil. Se notar, surgiu um monte desses atacadões (à margem da via). Minha ideia é aplicar IPTU progressivo, desapropriar alguns prédios. No início do Caju, é cheio de prédio largado, abandonado. Vou desapropriar, faço um terrenão e chamo um supermercado desses da vida. E sobre a Zona Oeste: é prioridade, precisa de investimento, ali estão as pessoas mais pobres da cidade. Vamos continuar investindo em saúde, transporte, super centro de saúde…
No discurso da vitória, falou que quer ajudar o governador Cláudio Castro. Como será isso? Vai levá-lo a um happy hour na Portela?
Sei que ele gosta de um botequim, apesar de até nisso ele já ter me criticado. Mas quero ajudar na gestão mesmo, acho que é mais importante. Até para permitir que todo mundo possa ir na Portela, no Cachambeer, em paz. Ficar até a hora que quiser e voltar para casa vivo.
O carioca deve ter medo de a Guarda Municipal ser armada?
De maneira nenhuma, até porque estou tratando dessa questão com muito cuidado. A gente tem que parar com essa relação de medo com as forças de segurança pública. Essas pessoas são pagas para nos proteger, e não nos assustar.
Após ser reeleito: Eduardo Paes recebe Ema Jurema em seu gabinete, na Prefeitura do Rio, para entrevista — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
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Soube que já convidou para posses anteriores o João Buracão, o Zé Lador…
A Ema vai receber o convite. Espero que faça um regime até lá e o EXTRA comece a incluir um auxílio-Ozempic entre os benefícios de seus funcionários.
Por que não foi ao jogo do Vasco no sábado? O Alexandre Ramagem e o Jair Bolsonaro foram. E o senhor foi convidado, mas não foi.
Lugar de candidato nunca é em estádio, nem em escola de samba. Você pode ser o sujeito mais popular do mundo: não vá a estádio de futebol. Tanto que acabaram ouvindo por lá algumas coisas que não queriam (vaias). Não é lugar para isso. Minha cara de pau tem limite.
Euzinha trouxe um documento para o senhor se comprometer a ficar os quatro anos no mandato. Jurando pelo Rei Momo, pela Portela e pelo Vasco. O senhor assina?
Não. Minha palavra basta, Ema Jurema. Você vai ter o seu Ozempic e a minha palavra (mesmo sem assinar, Paes guardou uma via do documento. Será que vai mudar de ideia?).
Eduardo Paes não assina, mas guarda documento sobre jurar ficar na prefeitura até o fim do mandato — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
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