China atrasa divulgação de dados do PIB do 3º tri sem justificativa

A China adiou a divulgação de dados econômicos referentes ao terceiro trimestre deste ano, como o Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de desemprego. As informações deveriam ser disponibilizadas na manhã de terça-feira (18), porém o Departamento Nacional de Estatísticas alterou seu site oficial e disse que a publicação foi postergada sem fornecer nova data ou justificativa.

A mudança acontece após o primeiro dia da reunião de líderes do Partido Comunista da China que deve garantir um terceiro e inédito mandato para o presidente Xi Jinping.

Os dados econômicos da China entre julho e setembro estavam sendo ansiosamente aguardados pelo mercado depois que a segunda maior economia do mundo evitou por pouco uma contração no trimestre anterior. Há a expectativa de que o crescimento do ano inteiro esteja entre os mais fracos em décadas.

Entre os números que tiveram sua divulgação adiada estão o PIB do 3º trimestre e a produção industrial, vendas no varejo e a taxa de desemprego de setembro.

A agência não deu uma nova data para a divulgação ou uma explicação para o atraso, que aconteceu horas depois de Zhao Chenxin, vice-chefe de planejamento estatal da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, ter dito a repórteres que a economia estava pronta para uma recuperação no terceiro trimestre após as medidas de apoio terem entrado em vigor.

Zhao, no entanto, reconheceu os desafios para a economia, prejudicada pela rígida política de “covid zero” de Pequim, uma crescente crise no mercado imobiliário e a desaceleração global.

O raro atraso ocorre depois que a Administração Geral de Alfândegas também adiou a divulgação de dados do comércio do país na sexta-feira, sem justificativa.

O Partido Comunista da China iniciou seu Congresso Nacional neste domingo em Pequim, onde o presidente Xi Jinping fez um discurso que fez referência a tensões geopolíticas e lutas econômicas.

Esperava-se que os dados do PIB mostrassem uma melhora depois que a China obteve um crescimento de 0,4% no ano no segundo trimestre. Esse foi o pior desempenho trimestral desde uma contração de 6,9% nos primeiros três meses de 2020, quando o país declarou lockdown na cidade de Wuhan, onde a covid-19 foi detectada pela primeira vez.

Analistas e instituições financeiras vêm reduzindo suas metas de crescimento para este ano e poucos esperam que a alta do PIB chegue perto da meta anterior do governo, de crescer cerca de 5,5% em 2022.

Uma pesquisa recente do Nikkei com analistas e economistas mostrou que eles esperam que a economia da China cresça entre 2,2% e 4,1% em 2022, com a previsão média de 3,2% entre 31 entrevistados.

Durante o congresso do partido, Xi jogou água fria na esperança de que a China em breve abandone algumas das mais rígidas restrições de vírus do mundo, incluindo lockdowns generalizados que vem afetando o crescimento do país.

“Aderimos ao princípio de ‘as pessoas em primeiro lugar, a vida em primeiro lugar'”, disse Xi a quase 2,3 mil membros do partido na reunião de domingo. “[A política] protegeu ao máximo a vida e a saúde das pessoas e alcançou grandes resultados na coordenação da prevenção e controle da epidemia e do desenvolvimento econômico e social”.

Fonte: Valor Econômico

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