O empresário Leo Kryss acionou a Justiça para reclamar que os profissionais da imobiliária Douglas Elliman venderam sua propriedade no “bunker dos bilionários”, na Flórida, para Jeff Bezos, sem que ele soubesse. Os corretores teriam ocultado o fato de que o comprador interessado era o fundador da Amazon, um dos homens mais ricos do mundo, e obtido um desconto de US$ 6 milhões (R$ 33 milhões) na negociação, segundo o jornal Wall Street Journal.
O brasileiro vendeu a Jeff Bezos uma mansão de US$ 79 milhões (mais de R$ 446 milhões, na cotação atual) em Indian Creek, ilha artificial de Miami conhecida como “bunker dos bilionários”. Projetada em um estilo que “irradia glamour europeu atemporal”, a propriedade conta com 1.770 metros quadrados, de acordo com o anúncio, e inclui uma piscina, um teatro, uma biblioteca e uma adega.
A vizinhança tem nomes como a modelo Gisele Bundchen; o astro da NFL Tom Brady; Ivanka Trump, filha de Donald Trump. O local também é lar do DJ David Guetta; do investidor Carl Icahn; e do cantor Julio Iglesias; entre outros ricaços.
A venda da mansão foi divulgada em outubro do ano passado, com um “desconto” de 7,1% em relação ao preço de maio da propriedade, que era de US$ 85 milhões. Bezos tem fortuna estimada em mais de US$ 200 bilhões (mais de R$ 1 trilhão), conforme o levantamento da Forbes.
Brasileiro vendeu mansão para Jeff Bezos por quanto?
O brasileiro comprou a propriedade em 2014, por US$ 28 milhões. Em maio passado, decidiu colocá-la à venda, por US$ 85 milhões. No mês seguinte, soube que Bezos comprara a mansão ao lado, por US$ 68 milhões. Quando enfim recebeu uma oferta, Leo Kryss perguntou aos corretores se ela vinha do fundador da Amazon.
Por que brasileiro está processando corretor?
Ainda segundo o WSJ, o cofundador da empresa brasileira de brinquedos e eletrônicos Tectoy alega à Justiça que o CEO da Douglas Elliman teria garantido a ele que Bezos não era o comprador interessado. De acordo com o processo, que corre num tribunal estadual da Flórida, Jay Parker telefonou pessoalmente para Kryss e disse que o potencial comprador não aceitaria pagar além de US$ 79 milhões.
A venda foi conduzida por Dina Goldentayer e Danilo Tavares com a Douglas Elliman.
Quem é o brasileiro que vendeu mansão para Jeff Bezos?
A informação de que era o vendedor da mansão era o brasileiro Leo Kryss, sócio de empresas no Brasil e que já foi um dos investidores mais agressivos do mercado financeiro no Brasil, foi revelada pela coluna Capital, do GLOBO.
Aos 75 anos, Kryss ainda é considerado uma “lenda viva” em nichos de operadores do mercado, mas vem levando uma vida discreta com o patrimônio que formou. Kryss se mudou com a mulher e seus quadrigêmeos para Miami em 2013. Apesar da discrição de hoje em dia, Kryss já apareceu em episódios conturbados do mundo dos negócios.
Kryss nasceu na Alemanha, mas, desde o fim dos anos 1950, vive no Brasil, onde o pai fundou a fabricante de eletrônicos Evadin. A companhia, assumida por Kryss na década de 1970 após a morte do patriarca, foi uma das primeiras a se instalar na Zona Franca de Manaus.
A companhia montava, por exemplo, os televisores da marca Mitsubishi e os celulares da Motorola. O empresário chegou a ser premiado em Nova York como o “Homem do Ano” pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em 1996, ano em que a Evadin faturava US$ 1 bilhão, segundo reportagem do Estado de S. Paulo publicada anos atrás.
Kryss também se tornaria um dos principais sócios da fabricante de brinquedos Tec Toy. Ele vendeu o controle da Tec Toy cerca de três anos antes de a empresa, que se destacou entre as pioneiras do videogame, entrar em dificuldades financeiras e pedir concordata, em 1997.
Além do negócio de eletrônicos, Kryss controlava a holding financeira Grupo Tendência, que incluía gestora e banco. Nessa posição, ele se tornou um dos maiores especuladores da Bolsa brasileira nos anos 1980, travando duelo com o rival Naji Nahas.
Reportagem do GLOBO de junho de 1989, descreve Kryss, então presidente do grupo Evadin, como um dos mais hábeis negociadores com operações casadas no mercado financeiro. Em um só exercício de opções, em fevereiro daquele ano, lucrou US$ 10 milhões com ações da Vale.
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